quarta-feira, 4 de junho de 2014

Nota miúda na forma de desabafo e canção.

“A hipótese mostrou ser fantasiosa, mas a beleza desses capítulos deve-se a ela e à plenitude de vida que ela prometia e em certa medida facultava”
Roberto Schwarz. In: Martinha versus Lucrécia: en
saios e entrevistas.

*Essas palavras em muito me remetem a esse álbum gigante de Belchior: “ALUCINAÇÃO”. Minha relação com ele é a seguinte: sintoma de um mal-estar na cultura brasileira dos anos 70 e uma ironia com as promessas daquela época (basta-nos olhar as desgraças e mediocridade deste mês de 2014 de copa do mundo de FIFA e outras porcarias de plantão!!!). Em dez composições, Belchior nos coloca de maneira poética, visceral e satírica na raiz da derrota de uma geração e no embalo, na derrota de uma cultura que ainda se acreditava crer em algum projeto de Nação naquela quadra da história. O recado era claro: “o sinal tava fechado pra nós, que somos jovens” e diante de tanta bobagem e repressão, articulados dialeticamente, restava o “amar e mudar as coisas me interessa mais...” OU de “Como nosso pais” à “Alucinação”, parecia que uma cultura derretia e levava com ela uma geração que apostou muito e, alguns, deram suas vidas... e cada vez mais os que falaram de consciência “estão em casa contando seus metais”. Triste, real, necessário ou de como a arte pode ser cruel na medida exata das coisas... Era apenas 1976 e ainda poderíamos dizer: “o ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”. Hoje, ainda digo este refrão!!!!, mas ainda estamos na merda (salvo, é claro, para governistas, bobocas, medíocres, parasitas de cargos no Estado e populistas de toda sorte...).

Nota escrita pelo Prof. Dr. Romero Venancio (UFS)






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