segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Galdinear - Se cria assim...

Na especial noite do dia 16 de agosto de 2014, no Alto do Moura, nasceu o verbo Galdinear: Eu Galdineei, tú Galdineaste, nós Galdineamos, depois da exibição do documentário ‘Manoel Galdino tudo é Folclore’, com direção do caruaruense Cláudio Assis, assistido por mais de 70 presentes. 

A sala da Associação dos moradores do Alto do Moura ficou pequena para as mulheres e os homens que se uniram com um único propósito: falar da felicidade e da alegria de viver de um dos maiores gênios da arte da argila. Aos poucos os moradores, vizinhos, amigos, artistas, fotógrafos, educadores, cineastas, jornalistas, admiradores, fãs iam narrando em seus depoimentos engraçados, emocionados, esclarecedores, analíticos, e entre aplausos calorosos foi se traçando um rápido perfil do Galdino genial, alegre, brincalhão, caridoso, desapegado, desleixado e extremamente criativo. 

Os causos, “ou folclores”, como dizia o mestre, foram muitos e como bem observou Roberto Martins, ninguém dos presentes, ao falar do poeta do barro, demonstrava tristeza, pelo contrário, todas riam e se iluminavam ao falar de Galdino. A genialidade do artesão, não se restringia só ao barro, ia mais além, ele moldava as palavras como fazia com o barro, de um golpe de suas mãos saía uma obra única e com ela um poema, ou seria o contrário? O que veio antes para Galdino? A palavra ou a imagem? E a arte de Galdino de onde surgiu? Todos, sem exceção, afirmaram que ele era único, sua obra era única e o próprio poeta do barro afirmou que queria fazer diferente do que os demais faziam, segundo o depoimento de um artesão, registrado no filme. Mas como definir Galdino? Como definir sua arte? Como classificá-la? Alguns estudiosos afirmam que ele segue a linha do grotesco, como o pintor e gravador holandês Bosch. Fazer esse paralelo com o grotesco, compreendendo que o grotesco não tem relação com o feio, mas sim, nas artes se caracteriza pela criação de universos fantasiosos, cheios de seres humanos e não-humanos, fundidos e bizarros, observamos essas características em Galdino. A fantasia do gênio viria de sua infância, do seu inconsciente? É possível, pois uma moradora do Alto do Moura relatou que uma vez, conversando com Galdino sobre suas esculturas, falou que elas eram estranhas, feias e ele disse de instantaneamente: elas lembram a minha infância. São hipóteses, possibilidades de tentar entender o artista da palavra e do barro, mas talvez a palavra “mistério” como bem proferiu Padre Everaldo resumiria o mestre. 

Uma noite que ficará na memória de todos os presentes na certeza que uma semente foi plantada e em pouco tempo começará a dar os frutos Galdinear. Agradeço a todos que compareceram e aos que não puderam comparecer por motivos diversos. 
E viva o Alto do Moura, Mestre Vitalino, Mestre Galdino e todos os artistas que fizeram e fazem de Caruaru um dos maiores celeiro cultural deste nosso imenso Brasil. 




Depoimento do artesão Luiz Galdino.


Jornalista Jaciara Fernandes no seu depoimento altamente emocionada.


Padre Everaldo recebendo uma homenagem do artesão Giliard Gonzaga.

Depoimento emocionado do artista plástico BUCA


Lula Lourenço diretor geral da Rádio e TV Universitária do Recife amigo e conhecedor da obra do Mestre Galdino.

Depoimento do fotógrafo Geyson Magno


Depoimento de Severino Florêncio ator e diretor do teatro do Sesc Caruaru.

Fotos: Antonio Preggo

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